E porque o acto de pensar/viver a natureza impõe uma reflexão sobre a sua conservação e valor, aqui deixamos uma história datada de 1964 e que vem mesmo a propósito. "The Giving Tree", de Shel Silverstein (ou "A Árvore Generosa" em português). O filme, encontrado no You Tube, tem a particularidade de ser narrado pelo próprio autor.
A Árvore Generosa, de Shel Silverstein
Era uma vez uma Árvore que amava um Menino.
E todos os dias o Menino vinha e juntava as suas folhas, com elas fazia coroas de rei e brincava ao rei da floresta. Subia ao tronco grosso da Árvore e balançava-se nos seus ramos. Comia os suas maçãs, brincava às escondidas e, quando ficava cansado, o Menino dormia à sombra da Árvore.
O Menino amava profundamente a Árvore e ela era feliz.
Mas o tempo passou e o Menino cresceu. A Árvore ficava esquecida... sozinha.
Um dia o Menino voltou e a Árvore disse: "Menino, venha subir no meu tronco, balançar-se nos meus galhos, comer maçãs e repousar à minha sombra!"
"Estou grande demais para brincar", respondeu o Menino. "Quero comprar coisas e divertir-me. Quero dinheiro. Tens algum dinheiro que me possas oferecer?"
"Sinto muito", disse a Árvore, "eu não tenho dinheiro. Só tenho folhas e maçãs. Mas leva as minhas maçãs, Menino. Vai vendê-las na cidade, então terás o dinheiro e serás feliz!"
E assim o Menino juntou as maçãs e levou-as. E a Árvore ficou feliz!
Mas o Menino ficou longe por muito tempo... E a Árvore ficou triste.
Um dia, o Menino voltou e a Árvore estremeceu de alegria. E disse: "Vem, Menino, vem subir no meu tronco, balançar nos meus galhos e diverte-te".
"Estou muito ocupado para subir em Árvores", disse o menino. "Preciso de uma casa. Eu quero uma esposa e quero ter filhos, por isso preciso de uma casa. Podes dar-me uma casa?"
"Eu não tenho casa", disse a Árvore. "A floresta é a minha casa. Mas podes cortar os meus ramos e construir uma casa."
O Menino cortou os ramos da Árvore e levou-os para fazer uma casa. E a Árvore ficou feliz!
Mas o Menino ficou longe por um muito, muito tempo e, quando voltou, a Árvore ficou tão feliz que mal podia falar.
"Vem, Menino", sussurrou, "Vem, brinca e diverte-te outra vez!"
"Estou demasiado velho e triste para brincar", disse o Menino. "A vida não é divertida... Eu quero um barco que me leve para longe. Podes dar-me um barco?"
"Eu não tenho um barco", disse a Árvore. "Mas... Podes cortar o meu tronco, fazer um barco, navegar para longe e ser feliz".
O Menino cortou o tronco, fez um barco e viajou. E a Árvore ficou feliz, mas não muito!
Muito tempo depois, o Menino voltou.
"Desculpa, Menino", disse a Árvore. "Não tenho mais nada pra te oferecer. Já não tenho maçãs."
"Os meus dentes estão fracos demais para maçãs", falou o Menino.
"Já não tenho ramos", disse a Árvore. "Não podes balançar neles."
"Estou muito velho para balançar nos ramos", disse o menino.
"Já não tenho tronco", disse a Árvore. "Não podes subir..."
"Estou demasiado cansado para subir", disse o Menino.
"Desculpa", disse a Árvore. "Eu gostaria de ter qualquer coisa pra te oferecer. Mas nada me resta, sou apenas um velho toco. Desculpa..."
Já não preciso de muita coisa", disse o Menino, "só um lugar sossegado para me sentar e descansar. Estou muito cansado."
"Pois bem", respondeu a Árvore, endireitando-se o quanto podia, "um toco é muito útil para sentar e descansar. Vem, Menino, vem sentar-te. Senta-te e descansa."
Foi o que o Menino fez. E a Árvore ficou feliz!
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