Durante a preparação da actividade de declamação poética, em que descobrimos que Santo António das Areias é uma localidade rica em poetas, nós, as professoras da Equipa Coordenadora da Biblioteca Escolar, tivemos conhecimento da existência de um pequeno tesourinho literário na família de uma aluna da Escola. Inês Ramilo, Encarregada de Educação de Margarida Ramilo do 7º ano, enviou-nos pela filha um documento já muito amarelecido pelo tempo. Neste caderninho, que se pode ver nas fotos acima, a bisavó da Margarida escreveu poemas da sua autoria e dedicou-os aos netos. Margarida Martins Lança foi registando numa caligrafia perfeitinha os seus poemas, entre 1952 e 1962, salientando-se que muitos deles foram recitados no Teatro da Beirã, no Teatro da Sociedade de Santo António das Areias e também na Casa do Povo da localidade. Os netos desta senhora, ainda crianças na época, recitavam os poemas da avó em ocasiões especiais como a Festa de São Marcos, o Natal ou até mesmo uma récita a favor das vítimas em Angola no ano de 1961.
Transcrevemos na íntegra o último poema deste tesourinho de família:
Felicitando pelo telefone
Está?... Está lá?... Quem fala?
Aqui uma amiga querida.
Que te vem felicitar,
Desejando longa vida.
Eu também hoje quero,
Os teus anos festejar.
E por isso me lembrei,
De te vir telefonar.
P´ra dizer que à tua festa,
Eu me quero associar.
Pedindo a Deus p´ra que vá
Este dia abençoar.
Adeus felicidades...
Está? Está? Desligou, tem graça!
Já não posso dizer nada.
Que depressa o tempo passa!...
É assim... Ainda à pouco
Eu te vi tão pequenina!...
Hoje tu és uma senhora
E eu já uma velhinha!
Que importa, é o tempo,
O tempo sempre a girar.
Se a vida acaba p´ra uns,
P´ra outros vai começar.
O tempo corre ligeiro,
E vai deixando saudade.
Desse tempo que não volta
O tempo da mocidade.
Santo António das Areias - 15-5-1962
Margarida d´Assunção Martins Lança
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